Lilongwe – Os participantes do seminário sobre infecções múltiplas por aflatoxina, realizado de 11 a 12 deste mês, em Lilongwe (Malawi), recomendaram o estabelecimento de protocolos adequados de amostragens e testagens em todos os países africanos, para garantir a importados e exportados de produtos de forma segura.
Durante dois dias, os especialistas da região do Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA) e do Oeste concluíram que o estabelecimento de protocolos harmonizados em todos os países do continente aumentaria a fiabilidade dos produtos produzidos localmente.
O programa da acção formativa incluiu temas como o estado actual dos testes de micotoxinas e aflatoxinas para desenvolver práticas na região tripartite (espaço de diálogo entre órgãos e entidades ambientais), os impactos das aflatoxinas na África, a estrutura de reconhecimento mútuo do COMESA para avaliação de conformidade e o controlo de testes de proficiência em aflatoxinas.
Os protocolos e testes de aflatoxina para milho e amendoim, incluindo planos de amostragem, métodos de selecção de amostras, preparação analítica e níveis máximos, constaram também do programa de formação.
Os especialistas dessas regiões, preocupados com a exposição e a vulnerabilidade do continente, analisaram também o nível máximo de aflatoxina para a África, os padrões internacionais, fortalecendo o conceito de reconhecimento mútuo para a implementação do princípio: um padrão, um teste e um certificado.
A aflatoxina é uma micotoxina produzida por espécies de fungos do género Aspergillus. É um dos principais tipos de micotoxinas, presente em diversos alimentos, sendo considerada uma contaminação que representa risco para a saúde de humanos e animais domésticos.
Os vírus também estão associados ao atraso no crescimento de crianças e a infecções oportunistas, como a aspergilose (colonização do trato respiratório) e alergias respiratórias capazes de causar câncer em humanos.
Um dos programadores da União Africana Wezi Sambo disse que as aflatoxinas provaram ser uma barreira importante que impede os agricultores africanos de acessar os mercados, especialmente de vender as suas commodities.
Acrescentou que "a ocorrência generalizada de aflatoxinas pode prejudicar a integração regional e o estabelecimento de áreas continentais de livre comércio de commodities agrícolas".
A África do Sul é o maior produtor de produtos susceptíveis às aflatoxinas (milho e amendoim) do continente, com 14,3 milhões de toneladas.
Um estudo recente realizado pela “Partnership for Aflatoxin Control in Africa” (PACA, sigla em inglês) indica que 55% das 350 amostras de milho colectadas no Quénia em 2004 apresentaram níveis altos de aflatoxinas em alimentos.
O estudo refere ainda que das 1.371 amostras de amendoim feitas num depósito no Mali, 95% continham aflatoxina.