Cairo - O enviado da IGAD do bloco da África Oriental ao Sudão disse nesta segunda-feira que planeava uma visita ao país devastado pela guerra no mês que vem, onde tentará actuar como mediador, informa a AFP, retomada pelo site Ahram.
A decisão ocorre um ano após o governo do Sudão congelar as relações com o bloco regional e suspender a sua participação no órgão.
O Sudão está atolado num conflito brutal desde Abril do ano passado, com as Forças de Apoio Rápido (RSF) paramilitares sob Mohamed Hamdan Daglo — comumente conhecidas como Hemeti — lutando contra as Forças Armadas Sudanesas, lideradas por Abdel Fattah al-Burhan.
A IGAD — em paralelo com os Estados Unidos e a Arábia Saudita — tentou repetidamente mediar entre os dois generais em guerra, mas sem sucesso.
Em Janeiro, o bloco convidou Daglo para uma cúpula no Uganda, provocando uma resposta furiosa do Ministério das Relações Exteriores no governo alinhado ao exército.
Ele acusou a IGAD de "violar a soberania do Sudão" e estabelecer um "precedente perigoso", dizendo que suspenderia sua filiação ao bloco.
O enviado especial da IGAD ao Sudão, Lawrence Korbandy, confirmou à AFP nesta segunda-feira que uma visita a Port Sudan estava planeada para o ano novo.
Korbandy disse que a visita havia sido agendada para Dezembro antes de ser adiada para Janeiro.
Rotulou a suspensão como um "problema menor" — observando que o Sudão era um membro fundador do órgão regional — e disse que a visita proposta era "absolutamente" um passo positivo.
"Estou buscando um diálogo construtivo sobre a paz no Sudão, e o mais importante é o retorno das actividades do Sudão na IGAD", acrescentou.
Desde Janeiro, a situação no Sudão continuou a se deteriorar, com dezenas de milhares de mortos e mais de 12 milhões forçados a deixar suas casas.
Ambos os lados enfrentaram acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade. ADR