Luanda – O noticiário africano destacou, na semana que hoje, sábado, finda, entre outros, a dissolução pelo Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, do Parlamento, na sequência dos confrontos de quinta e sexta-feira entre forças de segurança, que considerou tratar-se de um golpe de Estado
Umaro Sissoco Embaló tomou a decisão após uma reunião do Conselho de Estado.
O Chefe de Estado guineense considerou "um golpe de Estado" o facto de a Guarda Nacional ter retirado o ministro das Finanças, Suleimane Seide, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, das celas da Polícia Judiciária, na noite de quinta-feira.
Na sequência deste acto, geraram-se confrontos armados entre a Guarda Nacional e o batalhão da Presidência, que foi resolvido com a intervenção da Polícia Militar e que resultou na detenção do comandante da Guarda Nacional, Vitor Tchongo.
No período em análise, mereceu também destaque o anúncio das autoridades fronteiriças da África do Sul que impediram dezenas de autocarros que transportavam mais de 400 crianças do Zimbabwe sem pais ou tutores legais, numa operação anti-tráfico.
As autoridades afirmam que as crianças estavam a ser "traficadas" para a África do Sul, embora uma organização que representa os cidadãos estrangeiros que vivem na África do Sul diga que é provável que as crianças estivessem a ser enviadas para visitar os pais, que estão a trabalhar na África do Sul, para as férias de fim de ano. Os autocarros foram enviados de volta para o Zimbabwe.
Mais de um milhão de zimbabweanos vivem na África do Sul, muitos deles ilegalmente, tendo-se mudado para o país vizinho nos últimos 15 anos para escapar à turbulência económica do Zimbabwe.
Outra matéria de capa foi a morte de pelo menos 85 civis na noite de domingo, numa operação aérea das forças armadas no norte da Nigéria, que atacou "acidentalmente" uma localidade onde se celebrava uma festa religiosa.
Segundo as autoridades, citadas pela Reuters, a operação aérea visava "terroristas" acampados no estado nigeriano de Kaduna, mas as forças armadas atacaram "acidentalmente" a cidade de Tudun Biri.
Alguns estados nigerianos especialmente no centro e noroeste do país estão a ser atacados regularmente por "bandidos", um termo usado no país para descrever bandos de criminosos que cometem roubos em massa e raptos a troco de enormes resgates e são por vezes rotulados de "terroristas" pelas autoridades.
Ainda nos últimos sete dias, o apelo feito pelas Nações Unidas para a realização de uma investigação exaustiva e imparcial ao ataque com drone efectuado pelo exército nigeriano no domingo, que, alegadamente por engano, matou, pelo menos, 85 aldeões que celebravam uma festa muçulmana, mereceu igualmente realce no noticiário africano na semana.
O gabinete do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos deplorou o ataque aéreo no Estado de Kaduna, no norte da Nigéria no domingo, "que terá causado a morte de pelo menos 80 civis e mais de 60 feridos o último de, pelo menos, quatro ataques aéreos que resultaram em mortes significativas de civis desde 2017".
A instituição exortou ainda as autoridades nigerianas a "rever as regras de empenhamento e os procedimentos operacionais normalizados para garantir que tais incidentes não se repitam".
Em Janeiro deste ano, recorda o gabinete, pelo menos 39 civis foram mortos num ataque aéreo à aldeia de Rukubi, no estado de Nasarawa, no centro do país, e pelo menos 64 civis foram mortos quando a força aérea atacou uma aldeia no estado de Zamfara, no noroeste do país, em Dezembro de 2022.
As forças armadas nigerianas recorrem frequentemente a ataques aéreos na sua luta contra as milícias que operam no noroeste e nordeste do país, onde grupos de bandidos e de extremistas islâmicos combatem o Estado nigeriano há mais de uma década. JM