Luanda – África registou nesta semana, entre outros destaques, o início de uma convenção nacional, em Joanesburgo, para formular uma alternativa à governação sul-africana.
A iniciativa, dos partidos da oposição Aliança Democrática (DA) - líder da oposição -, Partido Livre Inkatha (IFP), e FF Plus (FF+), e as formações políticas Action SA, Spectrum National Party (SNP), Independent South African National Civic Organization (ISANCO), e United Independent Movement (UIM), visa "destronar" o Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde 1994, nas eleições gerais do próximo ano.
O ANC, antigo movimento de libertação de Nelson Mandela, enfrenta um declínio de apoio face ao crescente descontentamento com a sua governação, alimentada pelo desemprego elevado, crescente desigualdade, criminalidade e uma crise de electricidade.
Nos últimos sete dias, os confrontos armados entre duas milícias em vários bairros da capital da Líbia, Trípoli, que deixaram pelo menos 27 mortos, foram também destaque.
A pior escalada militar deste ano começou após o chefe de uma das milícias, a Brigada 444, Mahmoud Hamza, ter sido detido por uma outra milícia, as Forças Especiais de Dissuasão (Rada).
A Brigada 444 declarou ter assumido o controlo total da área de Ain Zara, nos arredores de Trípoli, e impediu a entrada de membros da Rada.
As duas milícias, que controlam Trípoli, apoiam o primeiro-ministro do Governo de Unidade Nacional, Abdelhamid Dbeiba, contra um executivo paralelo sediado em Benghazi que administra o leste do país, e a Rada ligada ao Conselho Presidencial.
A semana ficou igualmente marcada pelo desejo da Guiné Equatorial passar para outra etapa de integração como Estado-membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), "mais dinâmica" e baseada na "cooperação".
O desejo consta de um relatório que será apreciado no Conselho de Ministros que antecede a XIV cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, a realizar-se a 27 de Agosto em São Tomé e Príncipe.
Foi ainda destaque, a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, sigla em inglês) que defendeu o aproveitamento das cadeias de valor em África, tendo em conta os abundantes recursos naturais.
Segundo um relatório desta agência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento em África, o continente africano deve ser o destino de investimento de muitas indústrias, com vista a tornar-se num "destino proeminente de produção manual para as indústrias de tecnologia intensiva e uma ligação fundamental nas cadeias de fornecimento globais.
Até agora, 17 países, incluindo Angola e Moçambique, já implementaram legislação sobre utilização de conteúdo local para apoiar o crescimento das indústrias locais de fornecimento, aumentar a transferência de tecnologia, criar empregos e valor dentro das suas fronteiras.
Na semana de 13 a 19 deste mês, o anúncio dos protagonistas do golpe de Estado no Níger em processar o presidente deposto, Mohamed Bazoum, por "alta traição" e "ataque à segurança do país".
Num comunicado lido na televisão nacional, o major coronel Amadou Abdramane, disse que estão reunidas "provas para processar, perante as autoridades nacionais e internacionais competentes, o presidente deposto e os seus cúmplices internos e estrangeiros, por alta traição e atentado à segurança interna e externa do Níger".
Os militares justificaram o golpe com a "contínua deterioração da situação de segurança e má gestão económica e social" e sublinharam que "todas as instituições" da república estão suspensas.
O golpe foi condenado pela comunidade internacional, nomeadamente a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a União Africana e a Organização das Nações Unidas.
No período em análise, o antigo inspector da polícia Fulgence Kayishema, um dos fugitivos mais procurados pelo genocídio rwandês de 1994 e sob custódia policial na África do Sul desde Maio, foi novamente detido e poderá ser julgado num tribunal internacional na Tanzânia.
A detenção de Kayishema ocorreu a pedido do Mecanismo Residual Internacional para os Tribunais Penais (IRMCT, sigla em inglês), responsável pelos processos pendentes deixados pelo Tribunal Penal Internacional para o Rwanda, após o seu encerramento em 2015.
O mecanismo internacional quer julgar Kayishema por alegada conspiração para organizar um genocídio e participação nos homicídios, em particular pelo seu alegado papel na morte de cerca de 2.000 refugiados deslocados internamente na igreja católica de Nyange, no noroeste do Rwanda.
O suspeito usava muitos pseudónimos e documentos falsos para ocultar a sua identidade e contava com uma rede de apoiantes de confiança, incluindo membros da sua família e das Forças Democráticas para a Libertação do Rwanda (FDLR), um grupo rebelde de etnia rwandesa baseado na vizinha República Democrática do Congo (RDC).
O genocídio teve início em 07 de Abril de 1994, um dia depois de o avião que transportava os presidentes do Rwanda, Juvénal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira (ambos hutus), ter sido abatido sobre Kigali.
Nesta semana, fez também eco a saída de mais de um milhão de pessoas para países vizinhos devido aos combates entre o Exército sudanês e as Forças Paramilitares de Apoio Rápido (RSF) - uma exposição agravada a batalhas e ataques diários na capital Cartum e a outras cidades das regiões de Darfur e do Cordofão.
Uma declaração conjunta das agências das Nações Unidas precisa que um total de um milhão 17 mil e 449 pessoas atravessaram as fronteiras do Sudão em busca de refúgio nos países limítrofes, enquanto três milhões 433 mil e 25 são deslocados internos.