Nova Iorque - O Conselho de Segurança da ONU condenou o "desrespeito descarado" pela soberania e integridade territorial da República Democrática do Congo (RDC), exigindo a retirada de "forças externas" do país, sem apontar explicitamente o Rwanda.
Os membros do Conselho "condenam o flagrante desrespeito pela soberania e integridade territorial da RDC, incluindo a presença não autorizada de forças externas no leste daquele país, conforme relatado pelo Grupo de Peritos, e exigem a retirada imediata dessas forças".
A declaração, divulgada no domingo à noite, refere um relatório de peritos da ONU que denunciou a presença de forças rwandesas na RDC e o apoio do Rwanda ao grupo armado rebelde M23, que está a combater o exército congolês.
A declaração surgiu depois de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, agendada inicialmente para hoje, mas antecipada para domingo face à tomada por parte do M23 da cidade de Goma, a capital regional do Kivu Norte, no leste do RDC.
Na reunião, a diplomacia congolesa pediu ao Conselho de Segurança para impor sanções políticas e económicas contra o Rwanda.
"O Conselho de Segurança deve impor sanções específicas, incluindo o congelamento de bens e a proibição de viajar, não só contra membros identificados da cadeia de comando das Forças Armadas rwandesas, mas também contra os responsáveis políticos por esta agressão", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros da RDC, Therese Kayikwamba Wagner.
Therese Kayikwamba Wagner pediu também um "embargo total às exportações de todos os minerais rotulados como rwandeses".
A chefe da diplomacia congolesa acusou ainda o Rwanda de ter enviado mais tropas para a região leste da RDC, no que considerou ser um gesto de "declaração de guerra".
Na reunião do Conselho de Segurança, juntando-se a posições de vários países, incluindo o Reino Unido, os Estados Unidos condenaram a ofensiva do Rwanda e do M23, avisando que Washington utilizará "todos os meios ao seu alcance" contra quem alimentar o conflito.
O conflito entre o M23, apoiado por três mil a quatro mil soldados rwandeses, segundo a ONU, e o Exército congolês dura há mais de três anos.
A RDC acusa o Rwanda de querer apoderar-se das riquezas do leste do Congo, algo que Kigali nega. JM