Luanda – África registou nesta semana, entre outros destaques, a primeira Cimeira Africana do Clima que adoptou uma declaração que representa a posição conjunta do continente africano no combate às alterações climáticas.
Na declaração final, os países africanos pedem à comunidade internacional que ajude a "aumentar a capacidade de produção de energia renovável de África de 56 gigawatts em 2022 para pelo menos 300 gigawatts até 2030 (...) para combater a pobreza energética e reforçar o fornecimento global de energia limpa e energia económica".
A cimeira de Nairobi lançou vários debates sobre questões ambientais, que vão culminar na conferência da ONU sobre o clima (COP28) no Dubai, no final de Novembro, onde se espera uma batalha quanto ao fim dos combustíveis fósseis.
Esta declaração propõe estabelecer “uma nova arquitectura de financiamento adaptada às necessidades de África, incluindo a reestruturação e o alívio da dívida”.
Ao encerrar o evento, o presidente do Quénia, William Ruto, afirmou que o continente africano assumiu "uma posição comum, que engloba a ambição para uma transformação socioeconómica e a agenda climática", bem como destacou o "potencial africano de descarbonizar a economia global e estabelecer o padrão mundial de uma industrialização verde".
Outros desafios para o continente africano apontados por William Ruto incluem a simples capacidade de prever e monitorizar o tempo, a fim de evitar milhares de mortes e milhares de milhões de dólares em prejuízos que, tal como as próprias alterações climáticas, têm efeitos muito para além do continente.
Nos últimos sete dias, o anúncio da redistribuição de dezenas de milhares de sudaneses que fogem do conflito armado no seu país para o Sudão do Sul em campos próximos da fronteira comum, feito pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), fez também eco do noticiário africano da ANGOP.
Citada pela agência noticiosa Efe, a representante do ACNUR no Sudão do Sul, Marie Helene, afirmou que a medida foi adoptada porque o campo de Gorom, a oeste da capital, Juba, e concebido para receber mil refugiados etíopes, estava "cheio, com mais de 50 mil refugiados" sudaneses.
Os sudaneses foram acolhidos temporariamente em Gorom após o início do conflito entre o Exército do Sudão e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
O ACNUR estima que o número de refugiados devido ao conflito seja superior a um milhão, incluindo mais de 240 mil pessoas no Sudão do Sul.
Outro assunto de realce no período em análise, foi o registo de 675 novos casos de cólera na província de Nampula, sendo o actual foco da preocupação das autoridades sanitárias de Moçambique.
Segundo boletins diários sobre a progressão da doença, elaborados pela Direcção Nacional de Saúde Pública, o actual surto de cólera no país regista um acumulado de 34.306 casos de 14 de Setembro de 2022 até 02 de Setembro, que provocaram 144 óbitos.
Em Maio, a OMS alertou que o mundo terá um défice de vacinas contra a cólera até 2025 e que um bilião de pessoas de 43 países podem ser infectadas com a doença.
Ainda no período de três a nove deste mês, as Nações Unidas anunciaram que mais de 1,8 milhões de pessoas que fogem da violência no Sudão deverão chegar este ano a cinco países vizinhos.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e 64 organizações humanitárias e da sociedade civil nacional apelaram à disponibilização de mil milhões de dólares (cerca de 925 milhões de euros) para prestar ajuda e protecção essenciais a estas pessoas que devem chegar a cinco países vizinhos até ao final de 2023.
As necessidades críticas incluem água, alimentos, abrigo, serviços de saúde, ajuda em dinheiro, artigos de primeira necessidade e serviços de protecção.
Os países que recebem as pessoas que fogem do Sudão - República Centro-Africana, Tchad, Egipto, Etiópia e Sudão do Sul - já acolhiam centenas de milhares de pessoas deslocadas mesmo antes desta crise.
Na semana que hoje finda, a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) deu aos autores do golpe de Estado no Gabão um ultimato de um ano para restaurar a “ordem constitucional”.
"Foi dado um prazo de um ano para que o processo político seja reactivado para um rápido regresso à ordem constitucional", anunciou o vice-presidente da Guiné Equatorial, na rede social X (antigo Twitter).
Teodoro Nguema Obiang confirmou ainda que o país passará a assumir a Presidência e a sede da CEEAC na capital, Malabo, considerando que o Presidente do Gabão, Ali Bongo, que era o presidente em exercício da organização desde Fevereiro, foi deposto pelos autores do golpe de Estado.
Por outro lado, a CEEAC designou o presidente da República Centro Africana, Faustin-Archange Touadéra, como facilitador das negociações, devendo se deslocar "imediatamente para Libreville para contactos, não só com o poder estabelecido, mas também com a oposição, sociedade civil e todas as partes envolvidas" na base de orientações previamente definidas na reunião, disse o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada.
Fazem parte da CEEAC Angola, Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Tchad, Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Rwanda, São Tomé e Príncipe e República Democrática do Congo.
O general Brice Oligui Nguema, que derrubou na semana passada Ali Bongo, tomou posse na segunda-feira como presidente do Gabão durante um período de transição, no final do qual prometeu eleições sem especificar uma data.
No dia 30 de Agosto, os militares golpistas anunciaram o "fim do regime" de Ali Bongo Ondimba, que governou o Gabão durante 14 anos, menos de uma hora após a proclamação da sua reeleição nas eleições de 26 de Agosto, alegando que estas tinham sido fraudulentas.
No dia seguinte, os golpistas proclamaram o general Oligui Nguema presidente de um Comité de Transição e de Restauração das Instituições (CTRI).
O golpe de Estado no Gabão, uma das potências petrolíferas da África subsaariana, é o segundo a ocorrer em África em pouco mais de um mês, depois de o exército ter tomado o poder no Níger, em 26 de Julho.
O Gabão juntou-se assim à lista de países palcos de golpes de Estado bem-sucedidos nos últimos três anos, que, para além do Níger, inclui o Mali (Agosto de 2020 e Maio de 2021), a Guiné (Setembro de 2021), o Sudão (Outubro de 2021) e o Burkina Faso (Janeiro e Setembro de 2022). JM