Argel - As autoridades da Argélia suspenderam na segunda-feira a credenciamento de duas cadeias nacionais de televisão privada, a Al Bilad TV e a El Djazaïria One, acusando-as de "falta de ética profissional".
De acordo com a agência espanhola de notícias, a Efe, a decisão anunciada pelo Ministério da Comunicação foi aplicada na sequência das decisões da Autoridade de Regulação Audiovisual.
No caso da El Djazaïria One, o encerramento "imediato e definitivo" foi decretado pelo desrespeito das "condições de segurança pública", no seguimento da aquisição de capital de várias televisões por parte de um dos principais accionistas da estação televisiva.
Já a Al Bilad TV será suspensa a partir de segunda-feira por um período de uma semana devido à difusão de conteúdo violento sem ter em conta a protecção de menores.
Esta foi a sexta sanção do género contra as televisões que operam no país desde Junho, quando o canal El Hayat TV foi suspenso por sete dias depois de transmitir uma entrevista com um antigo deputado que questionou a integridade de vários políticos e militares no país.
Ainda em Junho, o canal televisivo francês France 24 foi suspenso um dia depois de terem ocorrido eleições legislativas, a 12 de Junho, que o governo argelino apresentou como o começo de "uma nova Argélia", para pôr fim ao movimento social de contestação "Hirak".
Em Março passado, o Ministério da Comunicação tinha já feito uma advertência à France 24, acusando o canal de "flagrante parcialidade" na cobertura das manifestações "Hirak", que exigem o fim do regime militar que controla a Argélia desde a independência de França, em 1962.
Com a aproximação da data das eleições, o regime decidiu terminar com o "Hirak", o inédito levantamento popular anti - sistema, que também apelou ao boicote eleitoral e agora acusado de ser constituir um "magma contra-revolucionário" instrumentalizado por "sectores estrangeiros" hostis à Argélia.
Nas vésperas das eleições multiplicaram-se também as detenções de activistas e, segundo o Comité Nacional para a Libertação dos Detidos (CNLD), cerca de 300 pessoas estão actualmente na prisão por envolvimento no movimento de protesto ou por factos relacionadas com as liberdades individuais.